domingo, 15 de junho de 2008

O 68 de Todos Nós























“O que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas”. Este é o verdadeiro espírito de 1968, independente de questões políticas ou ideológicas. O que se entendia era que o mundo estava se transformando, e as pessoas deveriam mudar também. A situação econômica na Europa era estável, os jovens formavam a maioria, a sociedade da época tinha valores arcaicos que ruíam. Eis que surge a questão: por que não promover uma revolução no homem para então ir além?

Os jovens franceses queriam liberdade para pensar, repudiavam a disciplina rígida do governo de De Gaulle. Os operários queriam melhores condições de trabalho, as mulheres e os homossexuais clamavam por seus direitos até então reprimidos. Eis que surgem as ocupações nas universidades, as greves, passeatas, e a famosa “barricadas de maio”, fazendo de Paris um campo de guerra. O movimento francês contagiou toda Europa em uma febre utópica que buscava uma sociedade mais justa.

O Leste Europeu teve a maior de todas as primaveras em Praga, na Tchecoslováquia, onde as manifestações começaram falando de um socialismo mais humano e a liberdade de expressão foi restituída por um curto espaço de tempo. Juntava-se a sensação de que se poderia construir um novo modelo político no país.

Há aqueles que dizem que, apesar dos inúmeros acontecimentos, nada resultou de concreto daquele ano. Porém basta olhar à nossa volta para vê-lo refletido no comportamento das pessoas. A nova vida representa todos aqueles conceitos pelos quais os jovens tanto lutaram. As leis trabalhistas surgiram das manifestações e greves desde 1968. E daí também veio a preocupação com a classe oprimida.

O Eurodeputado alemão Daniel Cohn-Bendit acredita que o capitulo 68 deve ser encerrado de nossas mentes para dar vazão ao novo. Segundo ele, não levará a lugar nenhum, a não ser a lembranças. A sociedade atual precisa de respostas para os seus problemas e não de recordações. Em parte concordo com tais palavras sobre mudança e futuro. Mas creio que precisaremos de um modelo revolucionário a ser seguido. Então surge 1968 pronto e ao mesmo tempo inacabado, esperando talvez pelas mãos do homem do século 21 para terminar de construir sua historia.

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